Desvendando uma Obrigação Fiscal Municipal Específica para o Simples Nacional
Você já se viu perdido entre as diversas obrigações fiscais que sua empresa precisa cumprir? Além do DAS mensal e da DEFIS anual, existem outras exigências que variam de acordo com a sua atividade e, principalmente, com a legislação do seu município. Uma delas, que pega muita gente de surpresa, é o Livro de Serviços Tomados.
Ele não é uma obrigação universal, como o DAS, mas para certas empresas e em certas cidades, ele é tão importante quanto. Ignorá-lo pode significar multas e problemas com a prefeitura.
Neste explicativo, vamos desmistificar o Livro de Serviços Tomados, entender sua função, quem realmente precisa dele e como ele se encaixa na realidade das empresas, especialmente as do Simples Nacional.
O Que É o Livro de Serviços Tomados?
Cara, o Livro de Serviços Tomados é um registro fiscal onde a sua empresa deve escriturar, ou seja, registrar detalhadamente, todas as notas fiscais de serviços que ela recebeu de outras empresas ou profissionais autônomos.
Pensa nele como um “diário” de todas as despesas com serviços que sua empresa contratou. Ele serve para que a prefeitura do seu município possa controlar o recolhimento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).
A principal razão da existência desse livro é quando a legislação municipal exige que o tomador do serviço (ou seja, a sua empresa, que está contratando o serviço) seja o responsável por reter e recolher o ISS. Isso é o que chamamos de substituição tributária ou retenção na fonte do ISS.
Quem Realmente Precisa Desse Livro?
Essa é a pergunta de um milhão de reais, e a resposta não é simples, porque depende da legislação de cada município. Não existe uma regra federal única para o Livro de Serviços Tomados.
Geralmente, as empresas que precisam manter esse livro são aquelas que:
- Contratam serviços sujeitos à retenção do ISS na fonte: Isso é muito comum para serviços como limpeza, segurança, consultoria, construção civil, publicidade, entre outros, onde a lei municipal determina que quem contrata o serviço deve reter o ISS do prestador e recolher para a prefeitura.
- Estão localizadas em municípios que exigem essa escrituração: Algumas prefeituras, para ter um controle mais apurado sobre o ISS, exigem que todas as empresas (ou empresas de determinados portes/atividades) registrem os serviços que tomaram, mesmo que não haja retenção.
Exemplos de empresas que podem precisar:
- Uma empresa de tecnologia que contrata serviços de consultoria de marketing.
- Uma loja que contrata serviços de segurança ou limpeza.
- Uma construtora que contrata serviços de engenharia de terceiros.
Se a sua empresa contrata muitos serviços e sua prefeitura tem uma legislação fiscal mais rigorosa, é muito provável que você precise desse livro.
Por Que Ele Existe e Qual a Sua Função?
A função principal do Livro de Serviços Tomados é garantir o controle e a arrecadação do ISS pelos municípios. Ele permite que a prefeitura:
- Verifique a retenção do ISS: Se sua empresa é responsável por reter o ISS, o livro comprova que você fez a retenção e o recolhimento corretamente.
- Cruze informações: A prefeitura pode cruzar os dados do seu Livro de Serviços Tomados com as notas fiscais emitidas pelos prestadores de serviço, identificando possíveis inconsistências ou sonegação.
- Monitore o fluxo de serviços: Ajuda o município a ter uma visão clara dos serviços que estão sendo contratados dentro de sua jurisdição.
Para o empresário, manter esse livro em dia é uma forma de comprovar a conformidade fiscal e evitar multas por falta de escrituração ou por não ter retido e recolhido o ISS quando deveria.
Como Ele se Relaciona com o Simples Nacional?
Aqui é onde muita gente se confunde. O fato de uma empresa estar no Simples Nacional não a isenta da obrigação de manter o Livro de Serviços Tomados, se a legislação municipal do seu local de atuação o exigir.
O Simples Nacional simplifica o recolhimento dos tributos federais (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI) e, em alguns casos, o ICMS (estadual) e o ISS (municipal) em uma guia única (o DAS). No entanto, as obrigações acessórias (como a emissão de notas fiscais, a guarda de documentos e a escrituração de livros fiscais específicos) ainda podem ser exigidas pelas legislações estaduais e municipais.
Ou seja, o Simples Nacional facilita o pagamento do ISS, mas não necessariamente elimina a necessidade de controlar os serviços tomados, especialmente se houver retenção na fonte ou se o seu município tiver essa exigência.
Características e Implicações
- Formato: Antigamente, era um livro físico. Hoje, é muito comum que seja um livro digital, escriturado em sistemas online da prefeitura (como a Nota Fiscal de Serviços Eletrônica – NFS-e do Tomador, ou sistemas próprios de escrituração fiscal municipal).
- Conteúdo: Deve conter informações como data da nota fiscal, número da nota, CNPJ/CPF do prestador, valor do serviço, valor do ISS retido (se houver), e outras informações relevantes.
- Periodicidade: A escrituração geralmente é mensal, seguindo o período de apuração do ISS.
- Fiscalização: A fiscalização municipal pode solicitar esse livro a qualquer momento para verificar a regularidade das operações e o recolhimento do ISS.
Conclusão
O Livro de Serviços Tomados é mais um exemplo de como a burocracia fiscal pode ser um labirinto, especialmente quando envolve legislações municipais. Ele não é para todos, mas para quem contrata serviços e está em um município que o exige, é uma obrigação que não pode ser negligenciada.
Se a sua empresa toma serviços de outras e você não tem certeza se precisa desse livro, não hesite: converse imediatamente com seu contador. Ele é a pessoa certa para te orientar sobre as especificidades da legislação do seu município e garantir que sua empresa esteja em dia com todas as obrigações.
O erro que eu cometi (e você deve evitar): No começo, eu achava que “estar no Simples” era um passe livre para ignorar as particularidades de cada imposto. Mas a verdade é que o Simples Nacional é um facilitador, não um eliminador de todas as obrigações. Cada detalhe importa, e o conhecimento é a sua melhor defesa contra multas e dores de cabeça.






